segunda-feira, 9 de março de 2009

II Semana da Leitura

A equipa coordenadora desta II Semana da Leitura agradece a todos quantos nela colaboraram, em especial, a Carlos Miranda, José Medeiros e Manuel Bernardo Cabral, pelo seu valioso contributo, que emprestou honra e dignidade a este momento de formação cultural e cívica dos nossos jovens alunos.

No âmbito do Projecto "Ler mais e melhor", a equipa da Biblioteca/Centro de Recursos da Escola Secundária Domingos Rebelo dinamizou, em parceria com o Departamento de Línguas Românicas e o Conselho Executivo, um painel de actividades dedicadas à leitura, bem como ao conhecimento mais aprofundado das relações que a literatura mantém com o cinema.
A Semana teve início com a presença de Carlos Miranda, director do Cine Solmar, que, de forma bastante acessível e entusiasmante, interagiu com os alunos sobre aspectos fundamentais ligados ao cinema, descodificando conceitos, fazendo destrinças importantes (cinema europeu vs. cinema americano), explicando a função da crítica cinematográfica, as qualidades que um filme deve ter, a razão de ser dos festivais (como Cannes) e dos Óscares. Deu exemplos de bons filmes que ele próprio já viu e de outros que julga aconselháveis. O convidado detalhou, de igual modo, aspectos relacionados com a divulgação do cinema em São Miguel e levantou questões muito pertinentes no que respeita aos rankings de certos filmes, chamando, a este propósito, a atenção para a falta de relação que pode existir entre qualidade e lucro. Por fim, Carlos Miranda referiu-se à sua própria experiência como actor.
José Medeiros, o realizador da RTP - Açores que mais longe tem levado o nome dos Açores, referiu-se à cumplicidade existente entre a literatura e o cinema, ou, no seu caso concreto, à televisão. Falou das diferenças que existem entre um excerto de um livro e uma sequência cinematográfica, explicando que uma descrição de cinco ou seis páginas pode bem corresponder a um único plano fílmico. José Medeiros deixou claro que o cinema e o livro são dois objectos autónomos, mesmo que entre eles haja diálogo. Segundo ele, a adaptação cinematográfica não é uma ilustração do que está escrito, pois o cineasta deve inspirar-se na obra literária e não ser subserviente. O conferencista explicou aos alunos que a linguagem verdadeira do cinema é baseada na elipse e deu como exemplo o célebre filme 2001 - Odisseia no Espaço.


José Medeiros falou das questões relativas à adaptação cinematográfica XX

Da sua longa experiência quer como realizador quer como espectador de bons filmes e leitor de bons livros, José Medeiros foi referenciando autores cujas obras serviram de argumento a filmes, apontando Os Miseráveis, de Victor Hugo, como o romance mais vezes adaptado ao cinema.
Por último, falou da sua experiência como realizador de Os Xailes Negros, O Barco e o Sonho, Mau Tempo no Canal e Gente Feliz com Lágrimas, salientando as diferenças que existem entre estas obras literárias e os telefilmes que fez a partir delas.
A sessão levada a cabo por José Medeiros constituiu um momento de aprendizagem inesquecível.


Aula sobre a linguagem cinematográfica com Manuel Bernardo Cabral, realizador de cinema

Tratou-se de uma sessão de grande utilidade para os alunos, pois, para além de se tratar de conteúdos leccionados na disciplina de Português, lhes foi dada a possibilidade de se tornarem espectadores de cinema mais lúcidos. Neste sentido, o realizador iniciou os alunos na linguagem cinematográfica, recorrendo a exemplos facilitadores dessa interiorização e fazendo, amiúde, a distinção entre a mensagem escrita da obra literária e o impacto da imagem, no cinema. Depois, passou à prática, mostrando sequências de dois filmes do realizador John Ford, O Homem que matou Liberty Valance e A Desaparecida, chamando a atenção para os vários planos utilizados e para os seus significados.


Pedro Medeiros apresentou a obra Sinais de Fogo, de Jorge de Sena

Foi, com efeito, uma aula oportuna e muito rica no que respeita ao conhecimento transmitido acerca de Jorge de Sena, da corrente literária em que se insere, e, sobretudo, no que toca à leitura que pode ser feita de uma obra tão complexa e surpreendente como Sinais de Fogo. Explicado o livro, o professor Pedro Medeiros apresentou um excerto do filme que Luís Filipe Rocha realizou a partir dele, ressalvando que a obra cinematográfica fica aquém do texto que lhe deu origem, na medida em que aborda apenas a relação amorosa, a e a intriga política que tem como pano de fundo a Guerra Civil de Espanha.


Os alunos mostraram ser leitores exímios

Mais de uma centena de alunos do Ensino Secundário partilharam as suas leituras com outros colegas em aulas abertas. Os alunos apresentaram livros de vários géneros, recaindo a sua escolha, fundamentalmente, no romance. Alunos do 3º Ciclo deram, também, o seu contributo, fazendo a leitura expressiva de poemas e falando de algumas das suas experiências como leitores de obras próprias da sua faixa etária.
Nesta Semana,um grupo de docentes criou, ainda, um fórum no sentido de partilhar leituras relativas a grandes obras da literatura.


A equipa da Biblioteca/CRE

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