Professores de várias áreas disciplinares e alunos de diferentes cursos e anos de escolaridade uniram-se em torno da poesia.
A equipa da biblioteca desta escola decidiu em boa hora integrar no seu plano anual de atividades um momento destinado à celebração do Dia Mundial da Poesia. Foi, sem dúvida, um acontecimento memorável pela sua qualidade e elevação.
Alunos e docentes do Departamento de Línguas Românicas, bem como professores de outras disciplinas (num total de vinte e um), em face de um conjunto alargado de poemas de poetas portugueses, escolheram textos ao seu gosto e treinaram durante cinco semanas, sob a supervisão da professora Cidália Garcia, a sua leitura em encontros frutíferos feitos de diálogo, de emoções e de partilha. Depois, gravaram-nos em suporte vídeo, para se constituírem em conteúdos a divulgar no Meo-Kanal da Escola Secundária Domingos Rebelo.
O evento contou, ainda, com a participação de poetas convidados, como Emanuel Jorge Botelho (que declamou o poema "Andam pela casa num rodopio ventanoso") e de Renata Correia Botelho (nossa antiga aluna que prestou homenagem à sua professora de Português do Secundário, através do poema inédito "Conjugação do verbo dar" - dado a conhecer pela primeira vez nesta página do jornal). Também consistiu num momento de grande dignidade a declamação feita por João Malaquias de um poema de Frederico García Lorca bem como da leitura integral da "Ode Triunfal", de Álvaro de Campos.
A Escola agradece publicamente a todos os poetas e atores convidados e à RDP-Açores, que, através de entrevista em direto, fez a divulgação deste Dia Mundial da Poesia, o qual ficará no coração de todos quantos sentiram que a palavra poética é imorredoura e nos permite reencontros intensos, saudáveis e capazes de desenvolver a inteligência e a sensibilidade.
A poesia é palavra de elevação. O poeta é semelhante a um deus detentor de uma sabedoria inesgotável.
CONJUGAÇÃO DO VERBO DAR
para a Professora Goretti Rodrigues
sentava-se, sorria-nos e avançava
pela hora dentro, fazendo
de cada aula, sem temor,
a conjugação de um verbo enorme
- o verbo dar.
como quem pondera
cada letra, cada linha,
à semelhança da alma
no seu peso próprio
na sua escrita singular.
como quem sabe
que num texto vivem
as noites e os dias
o sal de uma lágrima
e o arco de um sorriso.
como quem lança ao ar
um papagaio de papel,
deixando ao céu dos versos
e ao nosso pensamento
a decisão derradeira.
sentava-se, sorria-nos e avançava
pela hora dentro, fazendo
de cada aula, sem temor,
a conjugação de um verbo enorme
- o verbo dar.
Renata Correia Botelho
Ponta Delgada, março de 2014 (poema inédito declamado na sessão celebrativa do Dia Mundial da Poesia, na Escola Secundária Domingos Rebelo)
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