segunda-feira, 9 de março de 2009

A AIPA na E.S. Domingos Rebelo - Discriminação e dignidade humana

Numa aldeia cada vez mais global onde a partilha de experiências e de soluções é importante na resolução de problemas também globais (como por exemplo o desemprego, a emigração e imigração, a corrupção…) é importante repensar-se os direitos humanos. Por isso, urge reflectir o problema da discriminação.

Com um mundo em crise, em que as desigualdades económicas e sociais entre ricos e pobres se acentuam de dia para dia, em que a discriminação, exclusão e violência têm tendência a aumentar urge repensar os direitos sociais do homem (direito ao trabalho, direito ao salário, direito ao salário justo …) adquiridos na Declaração dos Direitos Humanos, bem como em princípios de igualdade, justiça e fraternidade.


A Declaração Universal dos Direitos do Homem, surgida em 1948, pretende que os direitos e liberdades de todos os homens sejam um ideal a atingir por todos os estados e nações. A Declaração, assentando em valores universais como dignidade, liberdade, igualdade e justiça é, por isso mesmo, universal. A Declaração dos Direitos Humanos reconhece que todos os direitos (económicos e sociais, civis e políticos e culturais) são interdependentes, não são divisíveis, e em conjunto contribuem para salvaguardar a dignidade humana.


Para vir falar sobre “Discriminação”, tema que está a ser trabalhado por um grupo de alunos do 12º ano da Escola Secundária Domingos Rebelo, no âmbito da Área do Projecto, sob orientação da prof.ª Manuela Macedo, o grupo convidou, no segundo período, o Dr. Paulo Mendes, fundador e presidente da AIPA, Associação dos Imigrante nos Açores, criada em 2003.


De acordo com o presidente os imigrantes, na grande maioria brasileiros, africanos e de leste, recorrem com frequência à Associação a pedir informações sobre problemas relacionados com a legalização, emprego e habitação (compra ou arrendamento)


Paulo Mendes é natural de Cabo-Verde, tendo-se licenciado em Sociologia pela Universidade dos Açores. Para tema do seu mestrado apresentou os problemas da comunidade cabo-verdiana residente nos Açores. Ganhou o prémio “Emigrante Empreendedor”da Gulbenkian, em 2008.


Caberá à escola, como instituição transmissora de valores, e à sociedade em geral educar no e pelo respeito dos direitos humanos de modo a salvaguardar a dignidade, o respeito e liberdade de cada um, sem distinção da cor, sexo, país ou religião.


Caberá à educação, que cabe à escola, pais, poder político e religião, incutir o respeito pelos direitos humanos e ver o homem como um fim em si mesmo, tendo como único objectivo criar uma sociedade mais solidária, mais justa e igualitária.

Da Lava nasceu um Povo

Os alunos da turma J do 8º ano estão envolvidos no intercâmbio com a Escola Secundária Francisco Bausa, em Montevideo, capital do Uruguai, através da troca de cartas, contendo textos, desenhos, fotografias, entre outras coisas, participarão em aulas através de vídeo conferência e ainda realizarão uma visita de estudo a Montevideo e a San Carlos.
Realizar-se-ão as seguintes actividades: uma exposição de trabalhos sobre os Açores (vulcanologia, sismologia, geografia, tradições culturais), projecção de filmes sobre as Ilhas Açorianas,dramatizações de momentos festivos e partilha de tradições gastronómicas.

Um artigo do projecto "Fora de Portas"

II Semana da Leitura

A equipa coordenadora desta II Semana da Leitura agradece a todos quantos nela colaboraram, em especial, a Carlos Miranda, José Medeiros e Manuel Bernardo Cabral, pelo seu valioso contributo, que emprestou honra e dignidade a este momento de formação cultural e cívica dos nossos jovens alunos.

No âmbito do Projecto "Ler mais e melhor", a equipa da Biblioteca/Centro de Recursos da Escola Secundária Domingos Rebelo dinamizou, em parceria com o Departamento de Línguas Românicas e o Conselho Executivo, um painel de actividades dedicadas à leitura, bem como ao conhecimento mais aprofundado das relações que a literatura mantém com o cinema.
A Semana teve início com a presença de Carlos Miranda, director do Cine Solmar, que, de forma bastante acessível e entusiasmante, interagiu com os alunos sobre aspectos fundamentais ligados ao cinema, descodificando conceitos, fazendo destrinças importantes (cinema europeu vs. cinema americano), explicando a função da crítica cinematográfica, as qualidades que um filme deve ter, a razão de ser dos festivais (como Cannes) e dos Óscares. Deu exemplos de bons filmes que ele próprio já viu e de outros que julga aconselháveis. O convidado detalhou, de igual modo, aspectos relacionados com a divulgação do cinema em São Miguel e levantou questões muito pertinentes no que respeita aos rankings de certos filmes, chamando, a este propósito, a atenção para a falta de relação que pode existir entre qualidade e lucro. Por fim, Carlos Miranda referiu-se à sua própria experiência como actor.
José Medeiros, o realizador da RTP - Açores que mais longe tem levado o nome dos Açores, referiu-se à cumplicidade existente entre a literatura e o cinema, ou, no seu caso concreto, à televisão. Falou das diferenças que existem entre um excerto de um livro e uma sequência cinematográfica, explicando que uma descrição de cinco ou seis páginas pode bem corresponder a um único plano fílmico. José Medeiros deixou claro que o cinema e o livro são dois objectos autónomos, mesmo que entre eles haja diálogo. Segundo ele, a adaptação cinematográfica não é uma ilustração do que está escrito, pois o cineasta deve inspirar-se na obra literária e não ser subserviente. O conferencista explicou aos alunos que a linguagem verdadeira do cinema é baseada na elipse e deu como exemplo o célebre filme 2001 - Odisseia no Espaço.


José Medeiros falou das questões relativas à adaptação cinematográfica XX

Da sua longa experiência quer como realizador quer como espectador de bons filmes e leitor de bons livros, José Medeiros foi referenciando autores cujas obras serviram de argumento a filmes, apontando Os Miseráveis, de Victor Hugo, como o romance mais vezes adaptado ao cinema.
Por último, falou da sua experiência como realizador de Os Xailes Negros, O Barco e o Sonho, Mau Tempo no Canal e Gente Feliz com Lágrimas, salientando as diferenças que existem entre estas obras literárias e os telefilmes que fez a partir delas.
A sessão levada a cabo por José Medeiros constituiu um momento de aprendizagem inesquecível.


Aula sobre a linguagem cinematográfica com Manuel Bernardo Cabral, realizador de cinema

Tratou-se de uma sessão de grande utilidade para os alunos, pois, para além de se tratar de conteúdos leccionados na disciplina de Português, lhes foi dada a possibilidade de se tornarem espectadores de cinema mais lúcidos. Neste sentido, o realizador iniciou os alunos na linguagem cinematográfica, recorrendo a exemplos facilitadores dessa interiorização e fazendo, amiúde, a distinção entre a mensagem escrita da obra literária e o impacto da imagem, no cinema. Depois, passou à prática, mostrando sequências de dois filmes do realizador John Ford, O Homem que matou Liberty Valance e A Desaparecida, chamando a atenção para os vários planos utilizados e para os seus significados.


Pedro Medeiros apresentou a obra Sinais de Fogo, de Jorge de Sena

Foi, com efeito, uma aula oportuna e muito rica no que respeita ao conhecimento transmitido acerca de Jorge de Sena, da corrente literária em que se insere, e, sobretudo, no que toca à leitura que pode ser feita de uma obra tão complexa e surpreendente como Sinais de Fogo. Explicado o livro, o professor Pedro Medeiros apresentou um excerto do filme que Luís Filipe Rocha realizou a partir dele, ressalvando que a obra cinematográfica fica aquém do texto que lhe deu origem, na medida em que aborda apenas a relação amorosa, a e a intriga política que tem como pano de fundo a Guerra Civil de Espanha.


Os alunos mostraram ser leitores exímios

Mais de uma centena de alunos do Ensino Secundário partilharam as suas leituras com outros colegas em aulas abertas. Os alunos apresentaram livros de vários géneros, recaindo a sua escolha, fundamentalmente, no romance. Alunos do 3º Ciclo deram, também, o seu contributo, fazendo a leitura expressiva de poemas e falando de algumas das suas experiências como leitores de obras próprias da sua faixa etária.
Nesta Semana,um grupo de docentes criou, ainda, um fórum no sentido de partilhar leituras relativas a grandes obras da literatura.


A equipa da Biblioteca/CRE

segunda-feira, 2 de março de 2009

Roteiros de Ponta Delgada

No passado dia 10 de Fevereiro, os alunos da turma G, do 8º ano, da Escola Secundária Domingos Rebelo realizaram uma visita de estudo pelo Concelho de Ponta Delgada, com paragem em vários pontos de interesse turístico e/ou cultural. Esta inseriu-se no âmbito da área curricular não disciplinar de Investigação e Apoio Multidisciplinar (IAMD), na qual a turma está a levar a cabo um projecto intitulado “Roteiros de Ponta Delgada”, estando a desenvolver temas como artesanato, gastronomia, monumentos, paisagens naturais, história, fauna e flora, cultura e zonas balneares. Assim sendo, os alunos tiveram oportunidade de conhecer melhor o seu concelho e de recolher imagens e outros dados para o seu projecto. Para alguns foi mesmo a primeira vez em que passaram por algumas das freguesias do concelho de Ponta Delgada.Pararam no miradouro da Rocha de Relva, na Lagoa do Canário, na Lagoa das Sete Cidades, nos Mosteiros, Bretanha e Capelas. Nesta vila tiveram oportunidade de visitar a Oficina-Museu de Artesanato de M. J. Melo indo ao encontro das suas raízes, numa retrospectiva da vida e da cidade no século passado. A organização da visita ficou a cargo das professoras Flávia Freitas e Maria João Silva e promoveu, também, o convívio entre os participantes e a ligação escola/meio, de forma a transformar a escola num factor de desenvolvimento social e cultural da área onde se insere.


Um artigo do projecto "Fora de Portas"

Acção de Sensabilização sobre a importância do Ananás

O Dr. Luís Machado, Sócio-Gerente da Estufaçor – Lda., empresa que se dedica à investigação e exploração do ananás, apresentou na Escola Secundária Domingos Rebelo, no dia 22 de Janeiro, um pequeno filme, seguido de discussão, sobre o valor nutricional do ananás, a história da sua introdução nos Açores e o respectivo método de produção. A esta palestra, seguiu-se uma visita de estudo, no dia 2 de Fevereiro, a um dos prédios da Estufaçor, onde os alunos puderam constatar “in loco” as várias fases de produção do ananás, bem como provar do delicioso fruto. Assim sendo, os alunos destas turmas puderam constatar que, para além do seu fantástico sabor, o ananás traz ainda enormes benefícios para a saúde, dado que na sua constituição entram nutrientes que, por exemplo, aceleram a cicatrização, reduzem o colesterol e melhoram a circulação.
As duas turmas que tiveram oportunidade de receber esta sensibilização foram o 8º K e o 8º G. Esta última está a desenvolver, na área curricular não disciplinar de Investigação e Apoio Multidisciplinar, sob a orientação das professoras Maria João Silva e Flávia Freitas, um projecto subordinado ao tema “Roteiros de Ponta Delgada”, onde, para além de outros assuntos, se destaca a importância do ananás na economia e gastronomia açorianas.



Uma artigo do projecto "Fora de Portas"

Acção de Sensabilização sobre a importância do Ananás

O Dr. Luís Machado, Sócio-Gerente da Estufaçor – Lda., empresa que se dedica à investigação e exploração do ananás, apresentou na Escola Secundária Domingos Rebelo, no dia 22 de Janeiro, um pequeno filme, seguido de discussão, sobre o valor nutricional do ananás, a história da sua introdução nos Açores e o respectivo método de produção. A esta palestra, seguiu-se uma visita de estudo, no dia 2 de Fevereiro, a um dos prédios da Estufaçor, onde os alunos puderam constatar “in loco” as várias fases de produção do ananás, bem como provar do delicioso fruto. Assim sendo, os alunos destas turmas puderam constatar que, para além do seu fantástico sabor, o ananás traz ainda enormes benefícios para a saúde, dado que na sua constituição entram nutrientes que, por exemplo, aceleram a cicatrização, reduzem o colesterol e melhoram a circulação.
As duas turmas que tiveram oportunidade de receber esta sensibilização foram o 8º K e o 8º G. Esta última está a desenvolver, na área curricular não disciplinar de Investigação e Apoio Multidisciplinar, sob a orientação das professoras Maria João Silva e Flávia Freitas, um projecto subordinado ao tema “Roteiros de Ponta Delgada”, onde, para além de outros assuntos, se destaca a importância do ananás na economia e gastronomia açorianas.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Alunos da E.S.D.R. visitam “Dias de Melo”

Durante o mês de Janeiro os alunos do 10º ano L visitaram a Morada da Escrita, no âmbito da disciplina de Filosofia, sob a coordenação da prof. Manuela Macedo, a fim de tomarem conhecimento sobre a exposição que Dias de Melo andava a organizar sobre a sua vida e obra, antes de deixar o mundo dos mortais. Visitar a exposição foi passar em revista a vida do escritor picaroto, homem determinado, curioso e atento ao que se passava à sua volta e combatente convicto utilizando o poder da escrita para denunciar as injustiças sociais, em especial daqueles que apenas tinham a força do trabalho para sobreviver. Ele foi o porta-voz das alegrias e tristezas, dos sonhos e frustrações dos baleeiros do Pico. Herdeiro do sangue baleeiro também ele foi baleeiro, pois “quem nasce em terra de baleeiro, torna-se baleeiro”, afirma o escritor. E quem nasce baleeiro, morre baleeiro. É por isso que, quem emigra tem como sonho voltar à sua ilha e navegar em botes que partam para a pesca da baleia. E quando a idade a isso não permite há que ficar pelo porto e entrar na casa dos botes a avivar a memória das façanhas vividas pelo próprio na sua juventude ou pelos pais, avós ou bisavós. Histórias que encantam quem as ouve e que de ouvintes aspiramos ser protagonistas, sobretudo quando essas personagens demonstram bravura e heroísmo na luta desigual entre homens , mar e baleias. Mas há histórias que, perante luta desigual entre homem e natureza, acabam em tragédia, histórias essas que povoam a memória para todo o sempre. Foi o caso conhecido por Tragédia do Canal, acidente que se deu entre o Pico e S. Jorge, ocorrido dois anos antes do nascimento do escritor, a 23 de Março de 1923.Os micaelenses não ficaram indiferentes à tragédia: os Bombeiros voluntários de S. Miguel realizaram “…um peditório, a 22 de Abril de 1923, a favor dos sobreviventes de um naufrágio na Ilha do Pico…conseguiram angariar 1902$35” conforme diz Germano Tavares em Notas de um Repórter. Uma pequena fortuna para a época! “Era Mestre José Faidoca oficial de pouco tempo, pensou-se em comprar a 1ª lancha a motor”, então o Mestre e outros nove homens da Calheta do Nesquim decidem deslocar-se ao Cais do Pico para levantarem a lancha a motor e dois botes. Dez homens partem no “Deixa-Andar”, propriedade do Mestre José Faidoca, para o Cais do Pico, lado norte da ilha. No regresso enfrentam a fúria do mar e do vento: os botes afundam, sete homens morrem, a lancha aparece na Ilha Terceira, arrombada e sem motor. Sobrevivem três homens, encontrados ao fim de três dias e três noites, um no Porto Judeu, na Terceira dentro da lancha e dois na Fajã dos Bodes em S. Jorge, no “Deixa Andar”. E na Calheta do Nesquim, todos se lembrarão daquela noite fatídica, que em nome do progresso e contra-vontade de muitos velhos decidem ir buscar a lancha a motor. Mesmo com prenúncio de mau tempo, o capelo a enchapelar a montanha, decidem regressar desafiando o mar e o tempo. Foi este acontecimento trágico que Dias de Melo, por ouvi-lo dos mais velhos, com apenas doze anos quis eternizá-lo em papel. É que Dias de Melo quer ser escritor. A imaginação espicaçada, desde a infância, pela leitura de histórias que a tia Maria Augusta (irmã da mãe) e o tio Jorge faziam nas noites de inverno, nos Feitais, às crianças e adultos que não sabiam ler, estavam a ter as suas repercussões. O menino queria ser escritor. E da tia, “dela ficara o gosto pela leitura”confessa o escritor picaroto. A Tragédia do Canal de S.Jorge será o ponto de partida para o “Mar pela Proa”, obra editada em 1976,embora tivesse sido escrita há dez anos atrás. Fascinado pelo mar e pela caça à baleia as suas primeiras obras (Mar Rubro-1958,Pedras negras-1964 e Mar pela Proa-1976) têm por tema principal a problemática da baleação na Ilha do Pico, em particular as vivências e problemas dos baleeiros da Calheta do Nesquim, pescadores e lavradores quando não havia baleia para pescar. À sua partida Dias de Melo deixou-nos uma vasta obra,”volumes devem andar pelos quarenta”, diz-nos ele na sua autobiografia. Visitar a exposição e rever os objectos pessoais do autor como é o caso da navalha do Mestre José Faidioca, “o Mestre dos mestres”oferecida pela esposa ao escritor, a caneta Parker oferecida ao pai, a colecção de cachimbos e a coberta da almofada de baptismo, bordada pela mãe em 1925, ano do seu nascimento, traz-nos à memória momentos da sua vida e que ele faz referência com bastante regularidade ao logo da sua obra e que o marcaram para o resto da vida como foi o caso da morte da mãe, falecida a 6.8 de 1946.

[Fotos]

Um artigo do projecto "Fora de portas"