terça-feira, 22 de março de 2011

Acordo ortográfico - Primeiro estranha-se, depois entranha-se…

Com a aplicação do novo acordo ortográfico, cujas vicissitudes são conhecidas, a verdade é que as escolas têm de se movimentar para cumprir aquilo que, legalmente, está estipulado, independentemente da posição individual que cada professor/cidadão tenha sobre o assunto. Não se trata de concordar ou não com as novas regras de ortografia da língua portuguesa, nem de se sentir saudades da antiga forma que algumas palavras têm (tinham) e recusar uma imagem gráfica que, como diria o Poeta, “primeiro estranha-se, depois entranha-se”.

Foi neste sentido que os professores do Departamento de Línguas Românicas da Escola Secundária Domingos Rebelo, orientados pelo colega Artur Veríssimo, se reuniram em duas tardes a fim de “verem” a nova forma que algumas palavras da língua portuguesa terão (têm). Estranhar e deixar-se entranhar. Com ou sem acordo.

O colega Artur Veríssimo tem, por gosto próprio e competência reconhecida, dinamizado uma série de atividades, inclusive nas redes sociais, acerca do acordo ortográfico, desfazendo equívocos provindos de anedotário já velho (tão velho quanto o processo que levou ao acordo de que se fala), “postando” algumas das regras básicas da nova grafia, ironizando qb, replicando sempre.

Por seu lado, o Departamento de Línguas Românicas da ESDR aderiu à iniciativa e comprometeu-se em alargá-la. Assim, irão ser propostas algumas reuniões que cubram os restantes Departamentos disciplinares, já que, se os professores de Língua Portuguesa/Português são os primeiros a ter de se confrontar com resistências e estranhezas, os alunos não podem ser sujeitos a duas grafias (já bastam as “duplas grafias” permitidas pelo acordo), e os professores de todas as disciplinas têm de estar sensibilizados para que, no ano letivo de 2011-2012, surjam dúvidas, incertezas, estranhezas, mas também algumas garantias de que o processo de aprendizagem da nova grafia decorra sem grandes sobressaltos nem ansiedade. Porque não valerão a pena.

O mesmo alargamento se dará quando, paulatinamente, se escrever toda a documentação relativa ao Departamento de Línguas Românicas de acordo com o acordo ortográfico.

NOTA: Tem graça, ao escrever este texto, com 329 palavras, apenas se hesitou nas palavras “atividades” “respetivos,”“ e “letivo”(levarão “c” ou não?). Recorreu-se ao conversor ortográfico (http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=lince&page=apres) e verificou- que caíra o “c”, porque era mudo, porque não se pronuncia em português europeu; no Brasil mantem-se, porque se pronuncia. Não é, aparentemente, claro, mas é eficaz.



Pedro Medeiros

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