Há uns anos esteve em moda, lá para os lados de hollywood, um género de filme que se convencionou chamar de «filme-catástrofe». O enredo era simples mas eficaz: uma ameaça, cataclísmica, obrigava o «guest star» a inomináveis peripécias para salvar o mundo. No fim do mundo, o artista salvava-se e, com ele, a sua família mais próxima, mulher e filhos, um apenas ou, quando muito, um casal. A sociedade redimia-se e a ordem, reestabelecida, assegurava o normal curso das coisas, ou seja, ficava quase tudo na mesma. O «quase» significa apenas que perante a constante iminência da catástrofe o melhor é aceitarmos o que temos e, se preciso for, abdicaremos mesmo do que levou séculos a conquistar. O «11 de Setembro» e o que se lhe seguiu é, a este respeito, paradigmático.
Não sei se a influência destes filmes passou para o inconsciente individual e colectivo mas, o que é certo, é que o séc. xxi está a levar o paroxismo catastrófico aos limites. Desde a gripe das aves ao aquecimento global, passando pela pseudo escassez do petróleo até à também pseudo escassez da produção alimentar, não há dia em que a espécie humana não viva à beira da extinção. Dir-se-á que estas crises têm algum fundo de verdade. Pode ser, mas a maneira como mediaticamente elas se sucedem leva-me a acreditar que a verdade deve estar mesmo no fundo.
2 comentários:
O "bug" do ano 2000 é para mim a representação perfeita do que dizes. A histeria e o pânico colectivos alastraram de uma maneira que perante a ausência da catástrofe nem mesmo os mais incrédulos puderam deixar de ficar surpreendidos. É que, rigorosamente, não aconteceu nada. Nada que merecesse o atributo de notícia. Nada que merecesse perdurar no tempo.
O fenómeno aproveitou-se da crença (ou dúvida) colectiva de que o “mundo” terminaria no ano 2000, depois, explicaram porquê.
A verdade, por isso, tem de ser um processo de construção pessoal fundado na capacidade crítica e reflexiva.
Não será esse um dos nossos objectivos como professores?
Para os crentes, descrentes e medrosos haverá sempre explicação para tudo.
Pois é, João paulo! Lembro-me bem desse «bug». Estávamos todos à espera dele com o computador ligado e a televisão a dar directos das passagens d'an por esse mundo fora. Nunca um «bug» me desiludiu tento!!!!
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