Os alunos das turmas A e D do 10º ano da Escola Secundária Domingos Rebelo realizaram, no passado dia 9 de Junho, uma visita de estudo às instalações da AGRAÇOR, na Lagoa, acompanhados pelo professor de Física e Química A, Carlos Pereira, e pelo professor de Inglês, José Daniel, com o objectivo de perceberem como se produz electricidade a partir dos dejectos dos suínos existentes nesta exploração.
Apesar do natural odor a suíno, que parece mais incomodativo no primeiro contacto, os alunos seguiram com interesse e atenção a visita e as explicações que foram dadas pelo Eng. responsável, que a administração da AGRAÇOR disponibilizou para o acompanhamento da visita.
Perante o aumento crescente da poluição e a iminência de uma crise energética, os grandes desafios do nosso tempo são a redução da poluição e o aproveitamento das energias renováveis. Desse ponto de vista, a AGRAÇOR é um exemplo a seguir. De facto, e apesar de algum odor a suíno, difícil de eliminar por completo, é justo afirmar que a AGRAÇOR faz um esforço notável na redução da poluição: todos os dejectos da exploração, que são em quantidade elevada, uma vez que cria algumas dezenas de milhares de suínos por ano, são encaminhados para produção de biogás. No entanto, estes dejectos têm pouco valor energético e, neste sentido, foi necessário procurar outras fontes de desperdícios que ajudassem a rentabilizar o processo. Assim, são aqui valorizados energeticamente restos orgânicos, como, por exemplo, frutas e produtos lácteos impróprios para consumo, provenientes de uma das grandes superfícies comerciais de Ponta Delgada, bem como algum do óleo orgânico (óleo de fritar batatas) produzido pela restauração.
Os desperdícios orgânicos são encaminhados, após um pré tratamento, para um biodigestor, onde permanecem por mais de 20 dias até se decomporem, por acção de bactérias, e produzirem o tão desejado biogás: uma mistura de vários gases em que predomina o metano, gás este com grande valor energético. Após uma lavagem ao gás produzido, de modo a remover espécies químicas indesejáveis, o gás é encaminhado para um enorme balão onde fica armazenado à espera de servir de combustível aos dois motores que, finalmente, produzem a tão desejada electricidade, que antes de mais serve para as necessidades energéticas da exploração e apenas o remanescente é vendido à EDA. Em conversa com o responsável da instalação foi-nos claramente afirmado que, devido aos elevados investimentos de capital, o processo nunca será rentável economicamente. A razão, para a produção do biogás é sobretudo de natureza ambiental.
Mas não se pense que tudo são rosas… Nem todos os dejectos se transformam em biogás. Então, o que fazer às lamas? E aos efluentes líquidos? Bom, as lamas vão servir de refeição às minhocas, que, após o seu trabalho, produzem adubo orgânico, disponível em algumas lojas. Quanto aos efluentes líquidos, são tratados em tanques de arejamento e por fim devolvidos à natureza. Afinal, até se podiam criar rosas…
Resta-me deixar aqui um agradecimento à administração da AGRAÇOR, que nos facilitou a visita, e ao engenheiro responsável, que muito gentilmente nos recebeu…
Professor Carlos Pereira
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