sexta-feira, 31 de julho de 2015

“MÍTICOS ANOS 60”

O Grupo de História do departamento de Ciências Humanas da Escola Secundária Domingos Rebelo levou a cabo, no passado dia 28 de maio, no Anfiteatro da Escola, um projeto inserido no plano anual de atividades que pretendeu recriar os míticos anos 60, temática abordada nos programas dos 9.º e 12.º anos quer no contexto coloquial promovido pelos professores na aula, quer em trabalhos de grupo elaborados e apresentados pelos próprios alunos.

Depois de, no ano letivo transato, se ter privilegiado um tema do século XIX, optou-se, no presente ano letivo, por uma das épocas mais emblemáticas do século XX que espelha as grandes transformações do segundo pós-guerra. A Europa, destruída pela Guerra, não tinha condições para liderar a política internacional, nem o processo civilizacional. Caberia, assim, aos EUA a condução do Ocidente nos mais diversos domínios. Em Nova Iorque, considerada capital do mundo sem fronteiras, produzir-se-iam as alterações mais significativas. A América acolheu e incentivou os artistas e cientistas europeus que, após a tomada de Paris pelos nazis, para lá emigraram, como por exemplo, Chagall, Gropius, Mondrian, Max Ernest, Salvador Dali, entre outros. A Escola de Nova Iorque passou, então, a ser grande responsável pela dinamização das artes no pós-guerra ao juntar estes artistas europeus com os talentos americanos.

No campo científico e tecnológico, destacaram-se a Física, a Química e a Biologia com a produção da energia nuclear, os avanços na eletrónica, na cibernética, nos progressos médicos e alimentares com a criação de famílias de plantas fortes e mais produtivas. Os avanços na agronomia e nas técnicas reprodutivas iniciaram-se em 1962 com a Revolução Verde, no México. O balanço final da evolução científico-tecnológica foi positivo, tendo levado ao aumento da esperança de vida e permitindo a que a Humanidade ficasse, como nunca, interligada por uma rede de comunicações, tornando a Terra numa aldeia global.

Nos anos 60, os filósofos procuraram o sentido da existência humana – existencialismo de Jean Paul Sartre. A arte apelou à reflexão filosófica e à busca de um sentido para a vida. A literatura passou a refletir a crise provocada pelas duas guerras mundiais, pelo totalitarismo, pelas crueldades do Holocausto e pelo terror da bomba atómica. O existencialismo influenciou igualmente o cinema, o Jazz, as artes plásticas, assim como os hábitos de vida dos jovens no pós-guerra. Deste modo, os jovens foram os pioneiros na crítica aos valores tradicionais burgueses, procurando a liberdade pessoal e alterando os seus estilos de vida. Por um lado, assistia-se ao elogio da prosperidade e o consumismo e, por outro lado, criticava-se o individualismo e a desumanização. Pairava no ar o medo de um conflito nuclear, sobretudo aquando da crise dos mísseis de Cuba em 1962.

Neste contexto, surgiram Os Amigos da Terra e a Greenpeace, organizações com o objetivo de alertar para o superpovoamento do Planeta, para a necessidade de redução das experiências nucleares e para o problema da poluição e do esgotamento dos recursos naturais.

As contestações juvenis serão, de ora em diante, poderosos movimentos protagonizados por jovens. O Baby Boom do pós-Guerra determinara a existência, no mundo Ocidental, de um excedente considerável número de jovens que procuraram um estilo de vida diferente do dos seus pais. Ao ocuparem Universidades nos EUA (em S. Francisco e Nova Iorque), em 1964, pretenderam mudanças radicais no funcionamento dos cursos. O Maio de 68, que se iniciou em Paris e atingiu o resto da Europa, foi uma revolta sem precedentes. Os estudantes denunciaram a falta de condições das Universidades, onde os professores e as instalações escasseavam face ao boom das inscrições, mas clamavam, também, contra a guerra do Vietname, o imperialismo norte-americano e o totalitarismo soviético. Rapidamente a crise ganhou foros de sublevação social e política com greves e ocupações de fábricas. O Maio de 68, apesar de reprimido pelas forças de segurança, tornou-se o símbolo de um combate em que se amalgamaram o conflito de gerações, o descontentamento social e a reação ao autoritarismo.

Os movimentos estudantis também se fizeram pelo apoio à luta dos negros pela conquista de direitos civis e pela emancipação da mulher. Os jovens abandonaram os lares paternos e passaram a levar uma vida alternativa em comunas. Adeptos da liberdade sexual, do amor livre e amantes da paz com o slogan “make love not war”, os hippies evidenciaram total despojamento e despreocupação, visíveis no vestuário leve, colorido e florido, nos cabelos soltos e compridos, nos pés frequentemente descalços, no consumo de drogas que os libertavam da terra e conduziam ao “paraíso”. Assumiram-se, então, como protagonistas de uma contra cultura.

A música, produzida nesta época, reflete igualmente a rebeldia juvenil. O Rock and Roll exprime o anticonformismo de uma nova juventude e combina os ritmos afro-americanos com a música country. Os Beatles, em 1963, ocupam um dos lugares cimeiros dos tops musicais britânicos. A juventude americana rende-se – era a beatlemania. Os Rolling Stones, Bob Dylan, Donovan aproximam o rock à música folk. As canções converteram-se num instrumento de crítica social e política no que diz respeito à pobreza, ao racismo, à destruição da Natureza, às armas nucleares e à Guerra do Vietname, entre outras.

Após esta contextualização histórica, os alunos assistiram a uma emissão de rádio ao vivo, da responsabilidade do Engenheiro Paulo Bermonte, que os levou a conhecer as músicas mais representativas da sociedade norte-americana saída da II Guerra Mundial, colocando ênfase no rock’N’roll.

A manhã do dia 28 de maio terminou em apoteose com a atuação do grupo musical “Os Académicos” que criou, desde logo, empatia com o público estudantil presente. Este dia dedicado aos anos 60, terminou com a atuação do nosso colega Mário Miranda, à guitarra, e o dueto dos professores Adriana Viveiros e Valeriano Correia como vocalistas, assim como com os nossos alunos do 7.º Ano, da disciplina de dança, que nos presentearam com danças da época coreografados pelas docentes Patrícia Costa e Maria Antónia Bermonte.

O nosso agradecimento a todos os que contribuíram para que os alunos de História tivessem a oportunidade de, além de revisitarem os anos 60 através da música, terem usufruído de momentos de pleno divertimento.

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