
Um dos problemas que o uso da tecnologia levanta consiste no facto de, abismados pelas potencialidades que ela tem, ficarmos como que bloqueados. Até podemos dominar os procedimentos que o seu uso exige, reconhecer as opções que o browser ou as teclas mais recônditas do teclado permitem, mas a mais das vezes a técnica dá-nos apenas um simulacro do que desejávamos. Acontece aqui exactamente o contrário do famoso bloqueio do escritor perante a folha em branco. Nesta, por não estar lá nada, pode caber tudo. O escritor, sabedor disso, confronta-se com a paralisia da mão. O que eventualmente lhe surgisse da escrita seria sempre uma redundância. Nas novas tecnologias acontece o oposto: estando lá tudo, não sobra nada. Ou, para retomarmos uma dicotomia clássica, resta a forma porque o conteúdo foi-se!